domingo, 9 de novembro de 2008



ERA PARA SER… OU NÃO ...


Era para ser um simples sorriso.
Mas o artista, desastrado, derramou água em sua tela
E eis que ficou apenas uma mancha, uma sombra.
Algo disforme, nada mais.

Era para ser um coração.
Mas a criança, descuidada, deixou cair seu cofre.
Só ficaram pedaços.
Estilhaços à espera de conserto (tem?).
Uma porção de cacos. Apenas isso.
Era para ser um caminho. Linha reta.
Bastaria seguir adiante. Em frente.
Mas eis que surgiram curvas, penhascos, perigo à vista.
Foi mais fácil pegar um atalho. E se perder




Era para ser uma oração.
Um mero ajoelhar de agradecimento. Devoção. Comoção.
Mas veio o inesperado. O imprevisto.
E transformou tudo em revolta. Súplica. Desespero.
Era para ser verdade.
Verdadeira como o olhar de um bebê.
E, então, veio a dissimulação, a falsidade, a mesquinharia.
E tudo virou mentira. Engano. (Des)Ilusão.
Restou o descrédito. A dúvida. A Insegurança.

Sim, deveria ser um conto de fadas.
Um pouco de fábula no meio do dia. Ao meio-dia.
Só não contava com a realidade. Fria. Cruel. Calculista.
A opção (teve?) foi acordar do sonho.
E não mais sonhar. Nem mesmo acordado.
Só não contava de ser hipótese.
Porque, se era uma vez, deveria ser única.
Mas não foi. Ao contrário, duas, três. Quatro, talvez.
E, se por natureza, é contraditória.
Então, deveria se chamar antítese.
Contraponto. Contra-senso.
Contrário. Não hipótese. Ou não.
Era para ser início sem fim.
Pelo menos, o meio. Metade.
Porque assim, talvez, fosse equilíbrio.
Mas era o início do fim.
Destampado. Desmascarado. Incontido.


Era para ser aprendizado.
Porque toda história tem sua lição.
Mas tratou logo de ser dor, lágrima, mágoa.
E mesmo assim, cumpriu sua missão.

Era para ser de inestimável valor.
Tal como uma relíquia. Um objeto de museu.
Ao contrário, era tão barato que não tinha valor algum.
Estava em qualquer esquina. Bastava procurar. Achava


Era para ser exceção.
Especial.Mas fazia parte da regra.
Era senso comum. Sem diferencial algum.
Não se fez atrativo. Criativo. Exclusivo

Era, por fim, para ser humano.
Com falhas, erros, defeitos.O passo incerto.
A decisão cheia de incerteza.
O olhar buscando o apoio.

Havia saída. Outro jeito. Outra porta.
Optou errado, meu caro!
Preferiu o orgulho. A glória da vitória por si só.
Como um super herói. De roupa e tudo.
Escolheu a solitária conquista...
E, então, pergunto eu: que conquista?